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História de parto - Inês e Lucas - Primeiro parto - Parto natural

Nós sabíamos bem de antemão que no momento do parto, tudo pode acontecer. Afinal, tal como nos ensina o yoga e a meditação, a Vida não é estanque, está em constante mutação, e nós nada controlamos... a não ser a forma como reagimos aos eventos. O nosso parto não foi diferente. Embora tivessemos feito um plano de parto, em que esperávamos evitar analgésicos, episiotomias, etc, as coisas saíram ao lado. Então, tudo começou com as águas a rebentarem por volta das 3 da manhã de quinta-feira dia 27. Mas não havia contrações. Voltei a adormecer. Acordei e fiz a minha vida normal. Tinha alguma moínha, mas nada intenso. As contrações só começaram de forma mais intensa (mas gradual) a seguir ao almoço. E não tinha ondas na barriga, mas sim no baixo ventre e no fundo das costas. A partir das 18h, as ondas tornaram-se mais intensas. A respiração ascendente ajudava, mas já vocalizava muito nas expirações. Chegámos ao hospital por volta da meia noite. As ondas estavam intensíssimas. Fui directa para a piscina de parto, com o intuito de aliviar a dor. No entanto, a piscina não teve o efeito que eu esperava e não aliviou nada. As ondas e a dor só se intensificavam. Quando a midwife verificou a dilatação, viu que eu tinha apenas 3 cm. E já não aguentava com a dor. A dor era já sofrimento. Sentia muito sono e fome. Às 2 da manhã, já quase a fazer 24h de trabalho de parto, pedi epidural. Hesitei, mas foi a melhor coisa que decidimos. Tirou as dores todas e assim consegui dormir e comer, para ganhar forças para o resto do que aí vinha. Às 6 da manhã, tinha já 7 cm de dilatação. Tudo foi progredindo até chegar aos 9cm, quando o efeito da epidural já tinha quase passado e eu conseguia já sentir a vontade de fazer força a aproximar-se. Quando os 10 cm chegaram, já tinha mobilidade nas pernas e consegui experimentar posições diferentes para fazer força. As ondas eram demasiado espaçadas, por isso deram-me ocitocina, com a qual as ondas se tornaram mais frequentes e intensas. Mesmo, mesmo no final, a midwife que estava a ajudar no parto explicou que o bebé precisava de nascer rapidamente (havia sinais menos positivos no batimento cardíaco). Perguntou se podia fazer um corte bem pequenino para ajudar, garantindo que o bebé sairia com as próximas ondas. Aceitei e bem dito, bem feito: o nosso bebé nasceu quase às 11h de dia 28.

Tínhamos plano de parto, tínhamos preparado playlists de músicas, oleos essenciais, meditações... Com a informação devida, optei por coisas que inicialmente não queria no parto, não quis ouvir música nenhuma nem meditações nenhumas, usei óleo essencial apenas para ajudar nas ondas do expulsivo e preferi sempre as respirações e focar-me no que as ondas me diziam. E apesar de ter estado quase 30 horas em trabalho de parto, em que a dor tinha dado lugar a sofrimento em alguns momentos, foi um parto lindo e empoderador. Porque todas as nossas decisões foram informadas e consentidas e as equipas com que trabalhámos foram excepcionais e muito humanas. Não trocava esta experiência por nada!


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